FORTALECENDO A REDE DE APOIO DE MÃES NO CONTEXTO DA SÍNDROME CONGÊNITA DO VÍRUS ZIKA: RELATOS DE UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL E SISTÊMICA

Authors

  • SIBELLE MARIA MARTINS DE BARROS
  • PEDRO AUGUSTO LIMA MONTEIRO
  • MARIANY BEZERRA NEVES
  • GLÓRIA TAMIRES DE SOUSA MACIEL

Keywords:

rede social pessoal, síndrome congênita do vírus Zika, intervenção psicossocial, atendimento sistêmico

Abstract

Este artigo tem como objetivo relatar uma experiência de intervenção grupal com mães de crianças acometidas pela Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ), a partir da perspectiva psicossocial e sistêmica novo-paradigmática. Tal proposta de trabalho, realizada no âmbito de um programa de extensão universitária, teve o intuito de contribuir para o fortalecimento da rede social pessoal das mães. Os encontros aconteciam semanalmente, com duração de uma hora e meia e com a participação de mães que moravam em Campina Grande e cidades circunvizinhas. Como recursos metodológicos, utilizamos a oficina de dinâmica de grupo e as perguntas conversacionais. Dentre os principais temas abordados, destacaram-se: casamento, família, serviços de saúde, apoio, amizade e deficiência. Constatamos que as mães lidam com diversos problemas relacionados ao seu contexto familiar e social como dificuldades de comunicação no relacionamento conjugal, preconceito por  parte de familiares e outras pessoas, dificuldades de acesso a alguns serviços públicos e falta de acolhimento por parte de alguns profissionais de saúde. Entretanto, a intervenção grupal permitiu o fortalecimento de vínculos entre elas, processo esse ainda em construção, e a coconstrução de algumas alternativas para resolução de problemas por elas identificados, promovendo a autonomia do grupo.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

SIBELLE MARIA MARTINS DE BARROS

Professora Doutora da Universidade Estadual da Paraíba

PEDRO AUGUSTO LIMA MONTEIRO

Graduando e bolsista do Programa de Extensão da Universidade Estadual da Paraíba

MARIANY BEZERRA NEVES

Graduanda em Psicologia e voluntária no Programa de Extensão da Universidade Estadual da Paraíba

GLÓRIA TAMIRES DE SOUSA MACIEL

Psicóloga, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde e voluntária no Programa de Extensão da
Universidade Estadual da Paraíba

References

Afonso, L. et al. (2015). Oficinas em dinâmica de grupo na área de saúde (2ª ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Andersen, T. (2002). Processos reflexivos. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, IFT.

Anderson, H. & Goolishian, H. (1998) O cliente é o especialista: a abordagem terapêutica do não-saber. In S. McNamee & K. J. Gergen (Eds.), A terapia como uma construção social (pp. 34-50). Porto Alegre: Artes Médicas.

Aun, J. G. (2010a). Uma nova identidade para o profissional que lida com as relações humanas: o especialista em atendimento sistêmico. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos, & S. V. Coelho (Orgs.), Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais. Vol II. O processo de atendimento sistêmico. Tomo I (pp. 38-60). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Aun, J. G. (2010b). O processo de co-construção em um contexto de autonomia: coordenando os processos básicos das práticas sistêmicas novo-paradigmáticas. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos & S. V. Coelho (Orgs.). Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais (Vol III, pp. 24-28). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa

Aun, J. G., Esteves Vasconcellos, M. J., Coelho, S. V. (2010). Família como sistema, sistema mais amplo que a família, sistema determinado pelo problema. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos & S. V. Coelho (Orgs.), Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais (Vol II, Tomo I., pp. 13-37). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Antunes, M. S. C. & Patrocínio, C. (2007). A malformação do bebê: vivências psicológicas do casal. Psicologia, Saúde & Doenças, 8(2), 239-252.

Bazon, F. V. M., Campanelli, E. A., & Blascovi-Assis, S. M. (2004). A importância da humanização profissional no diagnóstico das deficiências. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6(2), 89-99.

Bock, A. M. B., Gonçalves, M. G. M., & Furtado, O. (Orgs.). (2001). Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez.

Bolla, B. A. et al. (2013). Cuidado da criança com anomalia congênita: a experiência da família. Escola Anna Nery, 17(2), 284-290.

Brito, C. (2015). Zika Vírus: a new chapter in the history of Medicine. Acta Médica Portuguesa, 28(6), 679-680.

Carvalho, Q. C. M, Cardoso, M. V. L. M. L., Oliveira, M. M. C, & Lúcio, I. M. L. (2006). Malformação congênita: significado da experiência para os pais. Ciência, Cuidado e Saúde, 5(3), 389-397.

Coelho, S. V. (2010). Articulando dinâmica de grupo no processo de Atendimento Sistêmico da Famílias e Redes Sociais. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos, & S. V. Coelho (Orgs.), Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais Vol III, pp. 167-185). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Costa, L. F. (2005). Abordagem clínica no contexto comunitário: uma perspectiva integradora. Psicologia & Sociedade, 17(2), 33-41.

Costa, L. F. (2010). A perspectiva sistêmica para a Clínica da Família. Psicologia: Teoria e Pesq., 26(n. spe), 95-104.

Criartes (2017). “O que você parece para mim”. Recuperado de: http://m.criartes.webnode.com.br/products/o%20que%20você%20parece%20pra%20mim/

Cruz, L. R., Freitas, M. F. Q., & Amoretti, J. (2010). Breve história e alguns desafios da Psicologia Social Comunitária. In J. C. Sarriera & E. T. Saforcada (Orgs.), Introdução à Psicologia Comunitária: bases teóricas e metodológicas (pp. 76-96). Porto Alegre: Sulina.

Esteves Vasconcellos, M. J. (2010a). Distinguindo a metodologia de atendimento sistêmico como uma prática novo-paradigmática, desenvolvida com um “sistema determinado pelo problema”. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos, & S. V. Coelho (Orgs.), Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais. Vol III. Desenvolvendo práticas com a metodologia de atendimento sistêmico. (pp. 39-56). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Esteves Vasconcellos, M. J. (2010b). O profissional novo paradigmático, sua prática, sua ética. In J. G. Aun, M. J. Esteves Vasconcellos & S. V. Coelho (Orgs.), Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais (Vol. II, Tomo I., pp. 61- 83). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Esteves Vasconcellos, M. J. (2002). Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência (8ª ed.). Campinas, SP: Papirus.

Fernandes, A. P. (2000). (Alguns) quadros teóricos da Psicologia Social Comunitária. Análise Psicológica, 2(18), 225-230.

Freitas, M. F. Q. (1998) Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo. Psicologia Reflexão e Crítica, 11(1), 175-189.

Gomes, A. G. & Piccinini, C. A. (2007). Impressões e sentimentos de gestantes em relação à ultrassonografia obstétrica no contexto de anormalidade fetal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(2), 179-187.

Gomes, L. B., Bolze S. D. A., Bueno, R. K., & Crepaldi, M. A. (2014). As origens do pensamento sistêmico: das partes para o todo. Pensando Famílias, 18(2), 3-16.

Gonçalves, M. A. & Portugal, F. T. (2012). Alguns apontamentos sobre a trajetória da Psicologia social comunitária no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(n.spe.), 138-153.

Grandesso, M. A. (2009). Desenvolvimentos em terapia familiar: das teorias às práticas e das práticas às teorias. In L. C. Osório & M. E. Pascuall Valle (Orgs.), Manual de Terapia Familiar (pp. 104-118). Porto Alegre: Artmed.

Grandesso, M. A. (2011). Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica (3ª ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Lane, S. M T. (2002). Históricos e fundamentos da Psicologia Social Comunitária no Brasil. In R. H. F. Campos (Org.), Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia (pp. 17-34). Petrópolis, RJ: Vozes.

Macedo, R. M. S. (2009). Questões de gênero na terapia de família e casal. In L. C. Osório & M. E. Pascuall Valle (Orgs.), Manual de Terapia Familiar (pp. 56-73). Porto Alegre: Artmed.

Machado, M. E. C. (2012). Casais que recebem um diagnóstico de malformação fetal no pré-natal: uma reflexão sobre a atuação do Psicólogo Hospitalar. Revista da SBPH, 15(2), 86-95.

Martin-Baró, I. (1996). O papel do psicólogo. Estudos de Psicologia, 2(1), 7-27.

Melo, A. S. D. O. et al. (2016a). Zika virus intrauterine infection causes fetal brain abnormality and microcephaly: tip of the iceberg? Ultrasound Obstet Gynecol, 47(1), 6-7.

Melo, A. S. D. O. et. al. (2016b). Congenital Zika Virus Infection: Beyond Neonatal Microcephaly. JAMA Neurology, 73(12), 1407-1416.

Ministério da Saúde. (2015). Secretaria de Atenção à Saúde. Aprovação da Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília, DF: Autor.

Ministério da Saúde. (2016). Ministério da Saúde confirma 1.709 casos de microcefalia. Brasília, DF: Autor. Acesso 15 outubro 2016, de http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/24625-ministerio-da-saude-confirma-1-709-casos-de-microcefalia

Moraes, E. M. G. (2011). O sentido da deficiência para as mães de um grupo de crianças de um programa de estimulação essencial da cidade de Manaus. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Amazonas - UFAM, Manaus.

Nichols, M. P. & Schwartz, R. C. (2007). Terapia Familiar: conceitos e métodos (7ª ed.). Porto Alegre: Artmed.

Olaizola, J. H. (2004). La perspectiva ecológica. In G. M. Ochoa et al.(Orgs.), Introducción a la Psicología Comunitaria (pp. 55-77). Barcelona: UCO.

Paiva, I. L. & Yamamoto, O. H. (2008). Os novos Quixotes da psicologia e a prática social no “terceiro setor”. Revista Psicologia Política, 8(16), 231-250.

Paiva, I. L. & Yamamoto, O. H. (2010). Formação e prática comunitária do psicólogo no âmbito do “terceiro setor”. Estudos de Psicologia, 15(2), 153-160

Roecker, S. et al. (2012). A vivência de mães de bebês com malformação. Escola Anna Nery, 16(1), 17-26.

Sarriera, J. C. (2010). O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária: do contexto à complexidade. In J. C. Sarriera & E. T. Saforcada (Orgs.), Introdução à Psicologia Comunitária: bases teóricas e metodológicas (pp. 27-48). Porto Alegre: Sulina.

Sarriera, J. C. (Org.). (2004). Psicologia Comunitária: estudos atuais. Porto Alegre: Sulina.

Sawaia, B. B. (1999). O sofrimento ético-político como categoria útil de análise da dialética exclusão/inclusão. In As artimanhas da exclusão: análise psicossocial da ética eda desigualdade social (pp. 97-118). Petrópolis, RJ: Vozes.

Sawaia, B. B. (2002). Comunidade: a apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a humanidade. In R. H. F. Campos, (Org.), Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia (pp. 35-51). Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

Silva, F. A. (2012). Representações sociais da maternidade segundo mães de crianças com deficiência. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Silva, R. C. (2002). Metodologias participativas para trabalho de promoção de saúde e cidadania. São Paulo: Vetor Editora.

Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Travassos, C. & Castro, M. S. M. (2012). Determinantes e desigualdades sociais no acesso e utilização de serviços de saúde. In L. Giovanella et al. (Orgs.), Políticas e Sistema de Saúde no Brasil (2ª ed., pp. 183-206). Rio de Janeiro: Fiocruz.

Véras, R. M., Vieira, J. M. F., & Morais, F. R. R. (2010). A maternidade prematura: o suporte emocional através da fé e religiosidade. Psicologia em Estudo, 15(2), 325-332.

Walsh, F. (2016). Resiliência familiar. In F. Walsh (Org.), Processos Normativos da Família (pp. 399-427). Porto Alegre: Artmed.

White, M. (2012). Mapas da Prática Narrativa. Porto Alegre: Pacartes.

Ximenes, V. M. et al. (2015). Determinantes Sociais em Saúde (DSS) na análise da saúde comunitária e seus implicações no estudo da pobreza. In J. C. Sarriera, E. T. Saforcada, & J. A. Inzunza (Orgs.), Perspectiva Psicossocial da Saúde Comunitária: a comunidade como protagonista (pp. 183-200). Porto Alegre: Sulina.

Yunes, M. A. M. & Juliano, M. C. C. (2015). A importância das redes de apoio na promoção da saúde e resiliência comunitária. In J. C. Sarriera, E. T. Saforcada, & J. A. Inzunza (Orgs.), Perspectiva Psicossocial da Saúde Comunitária: a comunidade como protagonista. (pp. 217-237). Porto Alegre: Sulina.

Published

2017-09-06

How to Cite

BARROS, S. M. M. D., MONTEIRO, P. A. L., NEVES, M. B., & MACIEL, G. T. D. S. (2017). FORTALECENDO A REDE DE APOIO DE MÃES NO CONTEXTO DA SÍNDROME CONGÊNITA DO VÍRUS ZIKA: RELATOS DE UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL E SISTÊMICA. Nova Perspectiva Sistêmica, 26(58), 38–59. Retrieved from https://revistanps.emnuvens.com.br/nps/article/view/296

Issue

Section

Artigos